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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lembrança de Slughorn



A lembrança de Slughorn é um dos pontos mais decisivos dos encontros de Harry e Dumbledore no sexto ano do garoto em Hogwarts, nos anos de 1996 e 1997. Dumbledore presumira que Harry era a única pessoa que poderia conseguir a lembrança do professor de poções, então o diretor o incubiu com essa difícil missão.
Não foi uma tarefa fácil. Para obtê-la, Harry necessitou tomar um pouco de sua Felix Felicis, e ainda esperar o momento certo para conquistá-la, atacando os pontos fracos do professor, ao falar da morte de sua mãe e mostrando como ela poderia lhe ajudar na luta contra Lord Voldemort. Slughorn, no final das contas cedeu-a à Harry, relutando contra a vergonha de entregar-lhe a lembrança onde o mesmo tinha ensinado a Tom Riddle como se faziam Horcruxes.



"E Harry atravessou mais uma vez a superfície prateada, aterrissando desta vez diante de um homem que ele reconheceu imediatamente. Era um Horácio Slughorn mais jovem. Harry estava tão habituado a vê-lo careca que achou
a visão de Slughorn com uma basta e brilhante cabeleira cor de palha muito desconcertante; dava
a impressão de que mandara cobrir a cabeça de sapê, embora no topo já fosse visível uma tonsura
calva e reluzente. Os bigodes, menos compactos do que os atuais, eram louro-avermelhados. Ele
não era tão gordo quanto o Slughorn que Harry conhecia, embora os botões dourados do seu
colete ricamente bordado já estivessem sob tensão. Com os pezinhos apoiados sobre um pufe de
veludo, ele se encontrava sentado em uma confortável bergère, tendo um cálice de vinho em uma
das mãos e a outra enfiada em uma caixa de abacaxi cristalizado.
Harry olhou ao redor quando Dumbledore apareceu ao seu lado e percebeu que estavam no
escritório de Slughorn. Havia meia dúzia de garotos sentados ao redor do professor, todos em
cadeiras mais duras e baixas do que a dele, e todos aparentando uns dezesseis anos. Harry
reconheceu Riddle imediatamente. Tinha o rosto mais bonito, e parecia o mais descontraído dos
garotos. Sua mão direita estava pousada negligentemente sobre o braço da cadeira; com um
sobressalto, Harry viu que ele estava usando o anel ouro e negro de Servolo; já tinha matado o
pai.
— Senhor, é verdade que a professora Merrythought está se aposentando? — perguntou
Riddle.
— Tom, Tom, se eu soubesse não poderia lhe dizer — respondeu Slughorn, sacudindo um
dedo açucarado para Riddle, num gesto de censura, embora estragasse esse efeito com uma
ligeira piscadela. — Confesso que gostaria de saber onde você obtém suas informações, rapaz;
sabe mais do que metade dos professores.
Riddle sorriu; os outros garotos riram e lhe lançaram olhares de admiração.
— Com a sua fantástica habilidade para saber o que não deve e a sua cuidadosa bajulação
das pessoas certas... aliás, obrigado pelo abacaxi, você acertou, é o meu preferido...
Enquanto vários garotos abafavam risinhos, aconteceu algo muito estranho. A sala foi
repentinamente tomada por uma densa névoa branca, impedindo Harry de ver outra coisa além do
rosto de Dumbledore, que estava parado ao seu lado. Então, a voz de Slughorn ecoou através da
névoa, anormalmente alta:
— ... você vai acabar mal, rapaz, escute bem o que estou dizendo.
A névoa desapareceu tão repentinamente quanto surgira, embora ninguém fizesse qualquer
alusão nem parecesse ter visto nada diferente acontecer. Intrigado, Harry correu os olhos pela sala
no mesmo instante em que um pequeno relógio de ouro em cima da escrivaninha de Slughorn
batia onze horas.
— Santo Deus, já é tão tarde assim? — exclamou o professor. — É melhor irem andando,
rapazes, ou vamos todos nos meter em confusão. Lestrange, quero o seu trabalho até amanhã ou
receberá uma detenção. O mesmo se aplica a você, Avery.
Slughorn levantou-se da poltrona com esforço e levou seu cálice vazio até a escrivaninha
enquanto os garotos saíam. Riddle, no entanto, ficou para trás. Harry percebeu que o garoto sedemorava de propósito, querendo ser o último na sala com o professor.
— Ande logo, Tom — disse Slughorn se virando e ainda encontrando-o ali. — Você não
quer ser apanhado fora da cama depois da hora, ainda mais sendo monitor...
— Senhor, eu queria lhe perguntar uma coisa.
— Pois pergunte, meu rapaz, pergunte...
— Senhor, estive me perguntando o que o senhor sabe sobre... sobre Horcruxes?
E o mesmo fenômeno tornou a acontecer: o denso nevoeiro invadiu a sala de modo que
Harry não pôde mais ver Slughorn nem Riddle; apenas Dumbledore sorrindo serenamente ao seu
lado. Então a voz do professor ecoou exatamente como acontecera antes.
— Não sei nada sobre Horcruxes e não lhe diria se soubesse! Agora saia daqui imediatamente
e não me deixe apanhá-lo mencionando isso outra vez!"

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